domingo, 6 de outubro de 2013

Da ATEA e o Islã...

Me surpreende como uma entidade que se diz de "combate ao preconceito religioso" pode papagaiar um dos mais notórios discursos de intolerância religiosa no presente - e mais ainda como uma instituição que se propõe a combater os males do fundamentalismo cristão repete o discurso deste mesmo setor.

Não custa ter um pouco de conhecimento, empatia e compreensão para entender que o fundamentalismo islâmico não representa todo o islã, e nem sequer uma parte considerável dele - assim como Feliciano e Malafaia não representa todo o cristianismo, e a ATEA não representa todo o ateísmo. Os problemas do fundamentalismo islâmico não são inerentes ao credo - são sim representativos de estados fragilizados, onde a carência de uma identidade nacional e humanista faz com que grupos se virem "para dentro" em busca de afirmação e segurança, resistindo violentamente contra aquilo que julgam uma ameaça a sua identidade.

E esse padrão só tende a ser agravado quando membros dessas comunidades marcadas pela insegurança migram para fora de seus grupos e são hostilizadas em seus novos países de residência - se antes careciam de segurança, agora se sentem (e de certa maneira, com razão) ameaçados, e para defender seu estilo de vida firmam-se ainda mais no radicalismo. O discurso ignorante da ATEA não tem nada mais a fazer se não fortalecer o fundamentalismo islâmico, dando-o a ver mais "provas" de "perseguição".

Qualquer semelhança com o fundamentalismo cristão - típico de comunidades marcadas pela identidade de credo acima da identidade nacional ou humanista - não é mera coincidência. O problema não é o credo, mas quando o ser muçulmano, ser cristão, ser roqueiro, ser comedor-de-chocolate-com-flocos-a-meia-noite-de-terça pesa mais do que ser humano, e aqueles que não pertencem ao "grupo" são vistos com desconfiança.

Claro, certos grupos religiosos fomentam essa mentalidade. A ATEA cada vez parece fazer o mesmo. Não é o caso do Islã como um todo, conheço muçulmanos tolerantes, progressistas e que repudiam fortemente o fundamentalismo - e não são minoria. Concordo com o Eli, a ATEA não tem lugar numa comissão dedicada a tolerância religiosa. Manter a entidade em tal comissão faz tanto sentido quanto Feliciano na comissão de direitos humanos, ou Blairo Maggi na comissão de meio ambiente.

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